FICHAMENTO DO TEXTO

GESTÃO NA EDUCAÇÃO – TEORIA E CONTEXTO

Maria Sirlei Xavier Wandscheer – ULBRA

Maria Maira Picawy – ULBRA

Resumo: Neste artigo as autoras trazem o resultado de uma pesquisa que buscou enfocar a Gestão da Educação nos seus aportes legais, nas suas constituições teóricas, vivenciadas ou que dizem respeito às suas ausências, na construção de um paradigma conceitual que organize e estruture uma prática educativa voltada para a cidadania responsável. Analisam temáticas contemporâneas que servem de subsídio para uma Gestão inovadora. Destacam questões importantes para serem refletidas sobre a atuação do gestor educador diante de perspectivas empreendedoras e desafiadoras nos ambientes educativos.

Palavras-chave: Gestor educador; Educação com qualidade; Inovação

Há uma demanda na rede pública e privada por educadores que pensem estrategicamente a Unidade Escolar, seu Projeto Político e Pedagógico e a Gestão do Sistema de Ensino. Faz-se necessária uma análise permanente sobre a teoria, a prática e a práxis que sustentam a Gestão. O educador gestor enfrenta hoje novos significados para poder relacionar-se com a tecnologia da comunicação, para ler e entender melhor a realidade que traz um acúmulo de relações, linguagens, visões, interesses e expectativas que não poderão mais ser ignoradas.

A Gestão Democrática da educação é norma jurídica desde a Constituição de 1988. O Plano Nacional da Educação prevê a desburocratização e descentralização da Gestão nas dimensões pedagógica, administrativa e financeira bem como no exercício da autonomia dos sistemas através da implantação da Gestão Democrática. Deverá acontecer nos sistemas educacionais através dos Conselhos de Educação, nas escolas através dos Conselhos Escolares bem como com a escolha da Direção Escolar, associando competência, representatividade e liderança. Cada sistema deverá definir normas de Gestão Democrática do ensino público com a participação da comunidade.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96 estabelece que “os sistemas de ensino definirão as normas de Gestão Democrática do ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades” e de acordo com os princípios de “participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola” e de “participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes" (art. 14). E determina que os sistemas de ensino assegurem às escolas públicas de educação básica, progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de Gestão financeira (art.15). Ratificam assim a necessidade de desenvolvimento, organização e exercício da Gestão Democrática que, complementada com a participação dos profissionais, da comunidade escolar e a autonomia pedagógica e administrativa, reúnem elementos considerados essenciais para a administração da educação bem como para a construção da Gestão da escola.

A busca de uma Gestão de qualidade passa por inúmeros fatores: a reorganização das escolas, as mudanças nas práticas de gestão, o nível de seus produtos, os processos de Gestão e organização, a avaliação de resultados a modificação dos currículos, os modernos equipamentos, a participação da comunidade. Mas o que a escola tem que buscar realmente é a qualidade cognitiva das experiências de aprendizagem dos alunos. Afirma ainda Libâneo (2003), que o centro de referência dos critérios e estratégias de qualidade é o que os alunos e as alunas aprendem, como aprendem e em que grau são capazes de pensar e atuar com o que aprendem e com isso ganham importância as estratégias de realização de qualidade como o planejamento, a organização, a gestão, o professor, a avaliação.

Zohar e Marshal (2000) escrevendo sobre a inteligência humana lembram que no início do século XX, o QI ou quociente de inteligência tornou-se assunto de estudos. A inteligência intelectual ou racional usada para solucionar problemas lógicos ou de grande importância era medida por testes que classificavam pessoas em graus de inteligência conhecido como QI. Permitia ao homem realizar um pensamento racional, lógico, pautado por regras. Em 1996, Goleman defende que o quociente emocional reveste-se de igual importância, dá à percepção de sentimentos, empatia, compaixão, motivação e capacidade de reagir apropriadamente à dor e ao prazer. Segundo este autor o QE constitui elemento básico para emprego efetivo do QI. Permite realizar pensamento associativo, afetado por hábitos, reconhecedor de padrões, emoções. A descoberta da inteligência emocional mostrou que não bastava a pessoa ser um gênio se não soubesse lidar com as emoções. Ao finalizar o século XX destacam ainda os mesmos autores, os estudos se voltam para o terceiro Q. Surge então a inteligência espiritual ou QS quando são abordados e solucionados problemas de sentido e valor, a inteligência com a qual a vida é vista num contexto mais amplo, mais rico, mais gerador de sentido, a inteligência com a qual podemos avaliar que um curso de ação ou caminho na vida faz mais sentido do que outro. Afirmam que é a fundação necessária para o funcionamento eficiente do QI e do QE (sonhos, desejos, objetivos, é o que dá sentido à vida).

E esta articulação que aparece no processo educativo entre a dimensão cognitiva, social e afetiva da aprendizagem faz parte do currículo que vamos encontrar formalizado no Projeto Político e Pedagógico da escola e no projeto pessoal de cada professor. Percebem-se os diversos desafios do papel do gestor diante de perspectivas empreendedoras na instituição educacional e nos ambientes educativos. Existem novos paradigmas, busca-se trabalhar também com o coração, estar aberto ao amor e querer servir aos demais. O gestor hoje tem que ter uma visão cada vez mais ampla para poder desenvolver um trabalho com responsabilidade social em busca de uma melhor qualidade.